quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

FSM termina como “novas inspirações” para buscar outro mundo possível


Depois de seis dias de programação, o Fórum Social Mundial (FSM) chegou ao fim 1° de fevereiro com “novas inspirações” para buscar um outro mundo possível. A avaliação é do sociólogo e membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial Cândido Grzybovski, que participou de entrevista coletiva ao lado de movimentos sociais para apresentar um balanço da reunião internacional.

“Terminamos a semana com um cansaço cívico e cidadão, com novas inspirações, renovados na busca de um outro mundo”, afirmou.

Para Grzybovski , a realização do evento em Belém tornou esta edição um marco para o FSM pelas relação “entre a Amazônia e a utopia” e pela crise que “enterrou” o Fórum Econômico Mundial, que ocorreu simultaneamente em Davos, na Suíça. “Ocupamos um enorme vazio na agenda mundial”.

O número de participantes superou as previsões da organização, que eram de 120 mil pessoas, e chegou a 133 mil. Entre eles 1,4 mil quilombolas e 1,9 mil indígenas, a maior participação desses segmentos em todas as edições do FSM, segundo Grzybovski.

Representante das lideranças indígenas, o peruano Mario Palacios disse que o FSM foi importante para dar protagonismo aos povos da floresta e comunidades tradicionais. “Há uma alternativa a essa crise civilizatória, climática, energética. Concluímos que outro mundo é possível e está nos povos indígenas. Somos atores políticos vivos, não somos a parte folclórica da democracia”.

Palacios também anunciou a realização do 5º Fórum Social Mundial Pan-Amazônico, aprovada em assembléia durante a manhã.

A participação de comunidades indígenas também foi lembrada pela representante do movimento negro, Nilma Bentes. “O Fórum abriu possibilidade para que o movimento negro estreitasse relação com o movimento indígena”. Pela primeira vez, segundo Nilma, as questões raciais foram pautadas em um FSM como reivindicavam os movimentos sociais.

O ativista palestino Jamal Juma, coordenador do movimento Stop the Wall, agradeceu a recepção do Fórum à causa palestina e disse que a reunião foi uma oportunidade de apresentar ao mundo o que chamou de apartheid israelense. “Nesta hora em que testemunhamos o massacre do povo de Gaza, o Fórum é uma plataforma para mostrar a luta do povo palestino. Queremos pedir apoio do Comitê Internacional para forçar Israel a cumprir leis internacionais”.

Em 2010, o Fórum Social Mundial vai ocorrer de forma descentralizada, sem uma cidade sede. Para 2011, a África e o Oriente Médio são os prováveis candidatos, mas os Estados Unidos também podem estar na lista, segundo Grzybovski.

Uma agenda mundial de mobilizações também foi anunciada hoje pela representante do Fórum Social Europeu, a italiana Rafaela Bolini, e inclui protestos durante a reunião do G-8, em maio, na Itália, durante a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, na Dinamarca, e até no aniversário de 60 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em abril.


por Luana Lourenço
para a cobertura integrada FSM/EBC
http://fsm.ebc.com.br/?p=586

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Balanço: Fórum Social 2009 - Belém - Pará- Brasil


O Fórum Social Mundial 2009, realizado pela primeira vez na Amazônia, em Belém do Pará, chegou ao fim neste domingo (1°) com um total de 133 mil participantes inscritos, de 142 países, informou a organização do evento. Mas, no total, o número de pessoas envolvidas no FSM — reunindo participantes e trabalhadores — chegou a 150 mil.

O último dia do Fórum foi marcado pela realização de assembléias setoriais temáticas, pela parte da manhã, com a divulgação de algumas conclusões dos debates. Na parte da tarde, ocorreu a Assembléia das Assembléias, com apresentação de algumas propostas de campanhas globais que devem ser lançadas em 2009. Local e data do próximo FSM não foram definidos no domingo. O que está definido é que deverá ser em um país da África, em 2011.

Além das datas tradicionais — como os dias internacionais da mulher e dos trabalhadores rurais, e da cúpula do G8, em julho, da Cúpula das Américas, em abril, e do Clima, em dezembro —, os movimentos sociais propuseram a realização de uma semana de protestos contra o capital e a guerra entre os dias 28 de março e 4 de abril. Neste período, será criada uma nova articulação de países ricos que, além dos oito do G8, incluirão as demais 12 nações mais ricas do mundo.

Outro evento que deve ser alvo de mobilizações é a comemoração dos 60 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), marcada para o dia 4 de abril, em Estrasburgo, na França. No dia 30 de março, estão previstas ações unificadas de apoio à Palestina e contra os crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza.

Já as organizações que discutem a dívida externa de países do Sul lançaram uma convocação para que todos os governos implementem auditorias e, com base nelas, declarem a ilegalidade das dívidas, suspendendo os pagamentos e exigindo reparação por processos abusivos de endividamento. O documento, assinado pela Campanha Jubileu Sul e pela Comissão Internacional pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, também pede que os governos dos países do Sul se retirem do G20.


A organização do FSM divulgou os seguintes números como balanço final:

1- Total de participantes: 133mil

2 - Participantes inscritos no acampamento: 15 mil

3 - Crianças recebidas na Tenda Curumim-Erê : 3 mil crianças

4 - Trabalhadores voluntários, tradutores, equipe técnica e representantes de entidades organizadoras: 4.830

5 - Expositores de tendas, feira institucional, feira da economia solidária, restaurantes e lanchonetes: 5.200

6 - Eventos culturais: 200

7- Artistas: 1.000

8 - Profissionais comunicadores da imprensa oficial, mídia alternativa ou freelancer: 4.500 (2.500 credenciados e 2.500 à distância)

9 - Entidades e organizações inscritas: 5.808

Por continente:

África: 489
América Central: 119
América do Norte: 155
América do Sul: 4.193
Ásia: 334
Europa: 491
Oceania: 27

10 - Atividades autogestionadas inscritas: 2.310

11- Veículos de comunicação credenciados: 800 veículos de equipes de 30 países.

12 - Pesquisas de perfil de participantes: aproximadamente 2.150 entrevistas por amostragem.


Da Redação, com informações da Carta Maior

Leia também:

COBERTURA PORTAL VERMELHO NO FSM

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL (FSM) CONTA COM A PARTICIPAÇÃO DE ESPECIALISTAS EM ASSÉDIO MORAL


Roberto Heloni e Margarida Barreto (sentados), palestrante Arthur Lobato

Por Taís Ferreira

O Fórum Mundial Social 2009 contou com a presença de 133 mil participantes inscritos, de 142 países, totalizando aproximadamente 150 mil pessoas, contando com os organizadores. Foram inscritas 5.808 entidades e organizações - África: 489, América Central: 119, América do Norte: 155, América do Sul: 4.193, Ásia: 334, Europa: 491, Oceania: 27.

Os sindicatos dos Servidores da Justiça de Minas Gerais de segunda e primeira instância, o SINJUS-MG e o Serjusmig contribuíram com sucesso em uma das atividades do FSM. O psicólogo Arthur Lobato, membro da Comissão de Combate ao Assédio Moral dos dois Sindicatos, participou de oficinas sobre o tema, relatando um pouco do trabalho que as duas entidades vem realizando.

A Comissão SINJUS-MG/Serjusmig foi convidada pelo professor doutor José Roberto Heloani (Unicamp/FGV). A oficina com participação de Arthur, também contou com palestrantes da América Latina (Argentina/Cuba etc), e foi coordenada pela doutora Margarida Barreto (PUC/SP). No Brasil, Heloani e Margarida são duas das maiores autoridades sobre o tema “assédio moral no trabalho”.

* Taís é jornalista, é editora do blog CINE JORNALISMO EM PAUTA