
Vivemos em um momento de grave crise financeira mundial - crise do sistema capitalista -, além das crises climática, de alimentação e de energia. No entanto, a cobertura jornalística (de modo geral) se restringe a uma abordagem extremamente superficial que não revela o pano de fundo que faz mover toda a máquina do Estado na direção do aprofundamento das injustiças: o atual modelo de desenvolvimento.
Para agravar a situação, a maioria dos jornalistas desconsidera a existência de outras formas e modos de desenvolvimento possíveis voltados para a igualdade social e a justiça ambiental. E, por seu lado, as empresas jornalísticas não têm interesse em dar espaço para este debate/questionamento.
Alguns dos casos mais emblemáticos da realidade brasileira, como o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira e a Hidrelétrica de Itaipu, a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, a atuação das transnacionais brasileiras, como a Petrobrás, a Companhia Vale do Rio Doce e a Odebretch (tanto no Brasil como no exterior), a expansão das plantações de cana-de-açúcar para todo o território nacional (especialmente a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica) e o tráfico de pessoas, dentre outros, são reportados pontualmente, como se não tivessem vínculos estruturais uns com os outros e com o plano maior, de ações e estratégias, definido para o País. O que está em jogo é a possibilidade de continuarmos vivendo neste planeta, mas a mídia não contextualiza esta questão em toda a sua complexidade.
A proposta do Seminário Comunicação e Desenvolvimento é aprofundar esta reflexão, de modo que possamos pensar e caminhar para uma política de comunicação voltada para os interesses e as reais necessidades dos povos. Que desenvolvimento é esse? A quem ele beneficia? Qual é a principal proposta do governo brasileiro para a sociedade brasileira e para os povos da América do Sul? Afinal, quais são os interesses em jogo?
É muito comum que os veículos de comunicação se debrucem sobre as conseqüências e resultados deste "jogo". Mas por que os profissionais de mídia não se atentam mais para as questões de fundo? Qual o verdadeiro papel dos jornalistas na complexa sociedade moderna? Como romper a barreira do pensamento único e visualizar outras possibilidades de atuação como comunicador?
Estas e outras questões deverão ser pensadas e debatidas durante o seminário, com o objetivo de estimular os participantes a compreenderem a atual conjuntura brasileira e mundial e seu papel nela enquanto comunicadores, considerando que a comunicação é uma ferramenta essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária.
Proponentes do Seminário:
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) Ciranda Internacional de Informação Independente Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social Jubileu Sul Brasil Jubileu Sul Américas Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais Rede Brasileira de Justiça Ambiental
Objetivos:
Promover um aprofundamento da reflexão sobre o atual modelo de desenvolvimento e o papel dos comunicadores/mídia;
Promover uma articulação dos comunicadores de organizações, redes e movimentos sociais nacionais e regionais;
Proporcionar a oportunidade dos participantes se capacitarem sobre o tema e proporem formas de dar continuidade ao processo de discussão e à construção de estratégias coletivas;
Formato:
1o Momento: Uma mesa com três debatedores e um mediador - 1h40
1 - Alguém dos movimentos/Ongs para falar sobre "A crise deste modelo"
Marcos Arruda "Políticas Alternativas do Cone Sul (Pacs)/Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais" - 30 minutos
2 - Alguém da mídia para falar sobre "Como a mídia se coloca diante das desigualdades e do aumento da pobreza"
Gilberto Maringoni - historiador, pesquisador do IPEA e professor de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero - 30 minutos
3 - Alguém da comunicação dos movimentos sociais/redes para falar sobre "A comunicação que queremos"
Igor Felippe, da secretaria de comunicação do MST Nacional - 20 minutos
Tânia Pacheco, jornalista e coordenadora do Grupo de Trabalho de Racismo Ambiental da Rede Brasileira de Justiça Ambiental - 20 minutos
Mediador - Alguém que faça comentários, contribuições e amarrações críticas sobre o tema proposto Membro do Intervozes
2o Momento: Plenária de debates - 1h30
3o Momento: Trabalho em grupo - "É possível uma articulação entre os diferentes atores de modo a construir
Patrícia Bonilha
Ciranda
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